Profissionais do Magistério aprovam indicativo de greve
Depois de diversas reuniões e assembleias desde março para discutir o Piso do Magistério, e o descumprimento de promessas feitas pela administração de Ulisses Maia, categoria aprovou por unanimidade o indicativo de greve; paralisação de um dia está marcada para 29 de setembro, com a possibilidade de estender por tempo indeterminado
Desde a primeira ação formal tomada pela gestão Sindicato é pra Lutar, com o objetivo de garantir a implementação do Piso Nacional do Magistério, foram aproximadamente 180 dias de negociação com a administração de Maringá até a noite de ontem (14). Ao longo destes seis meses, a direção sindical realizou inúmeras reuniões e assembleias com a categoria, juntamente de encontros com membros da Prefeitura, realização de cálculos e estudos para verificar como o direito poderia ser aplicado para os profissionais da educação maringaense. Após tantas promessas não cumpridas por parte da administração municipal e atrasos para tentar resolver os problemas, a paciência da categoria, existente até então, se esgotou completamente na noite desta quinta-feira durante assembleia na Escola Municipal Gabriela Mistral.
Reunião com a Prefeitura e ataques ao SISMMAR
Antes da decisiva assembleia, que foi transferida do dia 8 para ontem após os vereadores anunciarem o apoio oficial ao movimento, uma nova reunião foi agendada para o período da manhã como uma forma da administração municipal apresentar uma proposta concreta. Com presença da direção do SISMMAR e integrantes da comissão de representantes, o encontro se deu no Paço Municipal com expectativa de que as promessas feitas fossem respeitadas.
Em fevereiro deste ano, durante a Campanha Salarial 2022, o prefeito Ulisses Maia (PSD), em nome do chefe de gabinete, Domingos Trevizan, havia informado a gestão Sindicato é pra Lutar sobre as dificuldades de reajuste salarial acima da inflação de 10,60%, entretanto, garantiu que o Piso Nacional do Magistério seria pago. Durante a Jornada Pedagógica 2022, já com fortes manifestações da categoria, foi a vez do vice-prefeito, Edson Scabora (MDB), garantir diante de milhares de profissionais que o Piso seria pago e que Ulisses Maia, ao retornar de viagem para a Grécia, realizaria o anúncio oficial.
Além de não cumprir com a palavra e as promessas feitas durante o ano, a postura da administração de Ulisses Maia na reunião desta quinta-feira foi totalmente diferente do que havia sido observado até então. A partir da primeira fala proferida pelo prefeito, foram realizados ataques diretos ao SISMMAR, com suposições totalmente infundadas de que a direção sindical não repassava as informações corretas para a categoria durante as assembleias, apesar de não especificar em que momento isso teria acontecido.
Também diferente do que havia sido respondido via ofício, com a garantia do pagamento, a postura dos membros da Prefeitura foi a de afirmar que a situação se tratava de um “piso fantasma”, independente da implementação deste direito em diversas cidades do Brasil e do Paraná, como Sarandi e Curitiba. Ao mesmo tempo em que a existência do piso era negada, também houve negação por parte do prefeito quando foi indagado por uma integrante da comissão que comentou sobre a falta de produtos alimentícios e de limpeza na unidade em que trabalha, fato amplamente registrado e divulgado pela gestão Sindicato é pra Lutar. Em clima acalorado pelas discussões ao longo de três horas, a Prefeitura garantiu que enviaria uma proposta antes da assembleia.
Assembleia decisiva
A partir das 19h, na Escola Gabriela Mistral, deu-se início à assembleia com a presença de centenas de servidoras e servidores da Educação, sob posse de placas, cartazes, faixas e camisas. Com a condução realizada pela presidente do SISMMAR, Priscila Guedes, houve a leitura na íntegra do documento enviado pela Prefeitura, fruto de uma digitalização de baixa qualidade que dificultava, inclusive, a visualização clara do material em diversos pontos. Em suma, não havia qualquer proposta para implementação do piso, mas um chamado para que a comissão de revisão do PCCR analise e construa com a Secretaria de Governo uma medida que contemple o máximo possível das reivindicações. Como este tipo de procedimento já foi realizado nos últimos seis meses, a assembleia se indignou com a situação e ensaiou gritos de “greve”.
Em regime de votação, três pautas foram analisadas em sequência, após a participação de inúmeras servidoras que deram as respectivas opiniões sobre o que fazer frente a este cenário. De forma unânime em todas as pautas, a categoria rejeitou o documento enviado pela administração municipal, aprovou o estado de ASSEMBLEIA PERMANENTE e, sob forte emoção, também aprovou o indicativo de greve na educação municipal.
Greve e próximos passos
O indicativo de greve foi aprovado com paralisação para o próximo dia 29 de setembro, última quinta-feira do mês, com a suspensão das atividades da educação em escolas e Cmeis. Ao final do dia, uma nova assembleia será realizada para decidir se o movimento será apenas de um dia ou continuará por tempo indeterminado. A data foi aprovada como uma forma de garantir que nas próximas duas semanas sejam feitas discussões com todo o conjunto dos servidores públicos municipais, bem como com a população maringaense, em especial mães e pais de estudantes da rede. Também até o dia da paralisação, a categoria aguarda uma possível nova proposta de Ulisses Maia, o único que será capaz de apresentar uma solução para suspensão da greve.
Desde já, a gestão Sindicato é pra Lutar realiza o chamado para as demais categorias do funcionalismo municipal sobre a necessidade de união para exigir não apenas a implementação do Piso do Magistério, como também a revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), tendo em vista a defasagem de até uma década para diversos servidores. O momento atual será de lutas intensas para fazer com que as servidoras e os servidores parem de acumular prejuízos e avancem de forma unificada e organizada em direção da real valorização por parte do poder público.