Desabafo de um professor: ‘O dia em que Pupin foi até a escola em que trabalho’

Não é tarefa fácil ser professor no Brasil. E fica ainda mais difícil quando se é professor em escola pública numa administração que não respeita essa nobre profissão. Infelizmente, é o que ocorre em Maringá, cidade onde os professores(as) têm de fazer greve para garantir apenas a reposição da inflação. Essa dura realidade foi explicitada, há alguns dias, no desabafo do professor municipal Jeferson Garcia, que sonha com melhores condições de trabalho e salário para sua categoria.

Com a autorização do autor, o SISMMAR reproduz abaixo o desabafo feito por Garcia em sua página no Facebook. Certamente, as pertinentes palavras de Garcia representam centenas de professores da rede municipal de ensino.

político x professor

O DIA EM QUE PUPIN FOI ATÉ A ESCOLA EM QUE TRABALHO

Por Jeferson Garcia

Hoje, 23 de Junho, o prefeito passou correndo pela Escola Mariana, só pra tirar umas fotos. Era o dia da Festa Junina. Ele não teve sequer a coragem de olhar na cara dos professores, principalmente porque os professores (em regra, os grevistas) não queriam a presença dele na festa da escola.
Nos queríamos a presença dele nas mesas de negociação, na época da greve. Lembram?

É sintomático o fato dele só ter cumprimentado a equipe pedagógica e as integrantes da Seduc que lá estavam, justamente porque são cargos de função gratificada. Esses não fizeram greve, sabiam?

Um prefeito que não valoriza os professores, e só aparece na escola para fazer propaganda. Um prefeito que nem o reajuste da inflação quis pagar. Um prefeito cuja administração fez pressão nos servidores que lutavam por um direito, um simples reajuste. Sabe, colega, reajuste não é nem aumento.  Um prefeito que não quer negociar a reposição da greve, que ele já descontou e quer que façamos a reposição sem receber nada pelos dias trabalhados!

Um prefeito que não representa grande parte dos professores da Escola Mariana Viana. Um prefeito que estava na nossa escola, mas a nossa escola não estava com ele. E, em grande parte – principalmente pelos colegas grevistas – nunca estará! Hoje, a vontade de vaiar foi grande. Mas as crianças estavam ali, então…

Outra coisa. É mais uma vez sintomático que, no texto de sua página, ele tenha excluído os professores da organização da festa da escola. Mas saiba, prefeito, que a festa da escola só saiu com o apoio de toda a equipe, não só pela direção e não só pelos alunos. Mas também pelos estagiários, pelas meninas da cozinha, da limpeza, da secretaria e, inclusive – preste bem atenção! – , graças aos professores e professoras!

Sabe a coreografia do Boi Bumbá que você assistiu? Pois é, nós ensaiamos os alunos, nós ensinamos a história. Essa frase linda da sua página, de que os alunos da educação integral tiveram acesso “à história cultural do período colonial, a musicalidade”, só ocorreu porque os professores tiveram a iniciativa e preocupação de transmitir esses conteúdos.

Se você não nos valoriza nem sequer em relação ao nosso salário, seria demais imaginar sequer uma postagem que abordasse a importância dos professores da escola. Nós professores merecemos respeito, assim como todos os trabalhadores da educação e, bem como, os demais servidores de Maringá.

Repito! PUPIN, você não me representa. E acrescento: O servidor é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo!

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