Servidores da Casa Lar apresentam relatório contra mudança de local

Realocação planejada pela Sasc infligiria uma série de dificuldades aos idosos acolhidos. Novo local afronta a legislação e resolução da Anvisa

A mudança de sede da Casa Lar Benedito Franchini, que abriga idosos em situação de desamparo, será ruim para os acolhidos. É o que revela um relatório – com embasamento técnico – elaborado por servidores(as) municipais da unidade.

O estudo foi apresentado à administração, nesta quarta (7), no Paço Municipal, em reunião de servidoras do local com o chefe de Gabinete, Domingos Trevisan. O dirigente sindical Eduardo Siqueira representou o SISMMAR na reunião.

A proposta da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Sasc) é levar a Casa Lar Benedito Franchini para sua sede anterior, agora reformada, no Jardim Real. Essa mudança, segundo o relatório, representaria um retrocesso, desagradando inclusive os acolhidos.

“Eles [servidores] defendem que os próprios idosos não querem voltar para o antigo local, que não é adequado e não atende a legislação”, comenta Siqueira.

Segundo o relatório, o local desejado pela Sasc afronta a legislação vigente, estando em desacordo inclusive com a resolução RDC 283/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alguns dos argumentos contrários à mudança, citados no estudo, são:

• Estrutura inadequada para cuidados básicos do idoso;
• Sala administrativa pequena e insuficiente para alocar assistente social, enfermeiro, psicólogo e diretoria;
• Acesso inadequado para abrigados cadeirantes;
• Janelas com altura em desacordo com a legislação e sem privacidade;
• Quantidade insuficiente de chuveiros;
• Banheiros inadequados para cadeirantes, que constituem 80% dos idosos acolhidos;
• Corredores estreitos, que dificultariam a circulação de servidores e acolhidos;
• Espaço entre camas incompatível com o que preconiza a legislação;
• Falta de local para atividades externas e também para a prática religiosa (capela);
• Inexistência de um salão de eventos;
• Falta de previsão de espaço para acomodar uma farmácia e o estoque de medicamentos da unidade.

Sede atual

O relatório também faz referências à atual sede, que precisaria apenas de pequenas melhorias. O local reúne boas condições, segundo os servidores, para um acolhimento digno e humano.

Onde se encontra atualmente, a Casa Lar dispõe de hortas, árvores frutíferas, campo de futebol para realização de atividades recreativas, entre outras vantagens. Esse espaço aberto disponível, aliás, proporciona melhor qualidade de vida, bem-estar e manutenção da saúde dos acolhidos.

Apesar de a Sasc e o Conselho do Idoso já terem sido alertados sobre os problemas que seriam causados pelo retorno à antiga sede, a administração mantém a previsão de mudança para o fim de agosto. Isso vem causado grande preocupação nos servidores do local.

Diante dos argumentos sólidos do relatório, o SISMMAR espera que o governo Ulisses Maia (PDT) considere essa reivindicação, evitando, assim, infligir a esses idosos desamparados (sem vínculo familiar) uma dor desnecessária.

O sindicato entende que a administração tem condições de optar pela escolha mais humana, mantendo a Casa Lar em seu endereço atual. O local reformado, no Jardim Real, poderia ser utilizado para outras atividades da Sasc.