Profissionais do Magistério argumentam contra uso obrigatório do jaleco

A imposição da obrigatoriedade do uso do jaleco pelos profissionais do Magistério, sem qualquer diálogo prévio com a categoria, tem causado indignação nas escolas e CMEIs. O uso da vestimenta foi questionado em carta aberta direcionada à secretária de Educação. Confira abaixo:

Prezada Secretária

Diante da obrigatoriedade do uso do jaleco, os profissionais do magistério vêm solicitar que não seja imposto seu uso em nosso ambiente de trabalho, baseado nos argumentos que seguem.

Acreditamos que a roupa é uma forma de comunicação e expressão com o mundo, uma referência de estilo e liberdade de escolha que o indíviduo deve ter, e que a Educação valoriza as formas de expressão e de liberdade pois, a diversidade cultural levará os alunos a refletirem e absorverem o respeito pelas diferentes manifestações no contexto escolar e social.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o jaleco pode ser entendido como um equipamento de proteção individual (EPI) e, de acordo com a Revista Superinteressante de abril de 2009: jaleco é uma tendência, pois a vestimenta que deveria servir de proteção virou sinal de identificação e de status. Afinal, o jaleco surgiu no final da Idade Média para proteger os médicos europeus da peste bubônica. Mas, fora do hospital, ele perde sua função, tornando seu uso inadequado, pois trata-se de um instrumento que deveria proteger o profissional e o doente, afirma Jorge Timenetsky, do Departamento de Microbiologia da USP. Inclusive a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a utilização do jaleco se restrinja aos ambientes adequados.

Diante do exposto o uso do jaleco em educadores não se faz necessário. Historicamente o uso de uniformes padronizados surgiu na década de 30 e o jaleco fora denominado como “guardapó”, tendo como objetivo proteger o contato com o pó do giz. Contudo, com o aprimoramento da produção do giz, não há mais exposição com o pó, consequentemente seu uso se torna desnecessário no ambiente escolar.

Salientamos ainda, que os ambientes desta escola não foram projetados para ter um clima agradável, tendo em vista que as disposições das salas de aula são, geograficamente, localizadas em favor da luz solar e que as janelas apresentam pouca abertura, tornando o ambiente extremamente abafado e o uso deste equipamento (vestimenta) deixaria os professores com maior sensação de calor e desconforto. No caso do professor de Educação Física que trabalha com o corpo e movimento, o uso do jaleco prejudica as atividades motoras desenvolvidas em todo seu contexto.

Reforçamos também, que o material utilizado para a fabricação do jaleco prejudica a transpiração da pele, tendo como agravante a impossibilidade da utilização do mesmo sem acompanhamento pois, o tecido é transparente. E tanto o molde como o tamanho encontram-se inadequados para muitos professores, ou seja, não condiz com sua modelagem.

Desde já, agradecemos à vossa senhoria pela apreciação de nosso pedido.

Atenciosamente, (mantido anonimato)

Outro problema relatado é que o modelo do jaleco é feminino, sem mangas, e por conta disso tem constrangido os professores (homens) no uso de uma vestimenta do sexo oposto.

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