Mais de 20 mil marcham em apoio aos professores do Paraná
Sindicatos e movimentos sociais de todo o Brasil vieram à Curitiba para a marcha que tomou as ruas do Centro Cívico na manhã desta terça-feira (5)
Escrito por: CUT Paraná
Muitos cartazes, camisetas, adesivos, famílias inteiras, crianças e até animais de estimação participaram do ato em um clima de paz, mas com muita indignação pelo massacre que ainda estava fresco na memória de todos. “Esta é a unidade da classe trabalhadora. Temos aqui representantes de diversas regiões do Brasil que vieram para Curitiba participar de nossa luta e manifestar sua solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras paranaenses que foram vítimas de um massacre. O recado está sendo dado ao governador Beto Richa, ao seu secretário de segurança e todos aqueles que participaram daquela ação criminosa contra os professores, funcionários de escolas e servidores públicos”, afirmou a presidenta da CUT-PR, Regina Cruz.
A coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) e presidenta da CUT de Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, veio de Belo Horizonte para participar do ato e trazer solidariedade para os educadores paranaenses. “Sabemos o que é a truculência porque vivemos isso durante a nossa greve de 112 dias que aconteceu em 2011. É essa mania que os governos têm de criminalizar as lutas sociais. Trouxemos uma carta aprovada no encontro dos movimentos sociais e também um bandeirão intitulado ‘quem educa luta’ com mensagens de trabalhadores de Minas Gerais que entregamos aqui. Precisamos aprender a fazer isso: mexeu com um professor em qualquer canto do país mexeu com todos”, afirmou.
Outra presidenta de uma estadual da CUT que participou do ato desta terça-feira (5) foi a comandante da CUT Ceará, Joana D’arc Barbosa Almeida. “Neste momento em que alguns governadores ou prefeitos insistem em criminalizar as lutas sociais e movimentos não poderíamos estar em outro lugar. A CUT vem com esse sentimento de dizer que o Brasil está com os professores do Paraná e onde quer que estejamos estaremos com eles. Se for preciso viremos todos para cá”, avisa. Ela também destacou a repercussão externa dos atos de violência. “Lá no Ceará foi enorme. As pessoas só falavam nisso. Diversos trabalhadores foram ao seus locais de trabalho vestindo preto ou utilizaram as redes sociais para manifestar seu apoio. Foi inacreditável o que aconteceu”, completou.
O diretor da CUT Nacional, Roni Barbosa, relembrou os atos de violência que culminaram com a manifestação desta terça-feira (5) e lamentou a atuação da Polícia Militar a mando do governador Beto Richa. “O que aconteceu foi um massacre. A Polícia Militar a mando do secretário de segurança pública, Fernando Francischini e do governador Beto Richa, massacraram professores que vieram pacificamente à Curitiba fazer uma manifestação democrática para tentar impedir a votação na Assembleia Legislativa que retirava seus direitos. Eu nunca vi nada igual no Paraná, é lastimável o que aconteceu. Nos meus 20 anos de militância sindical é a primeira vez que eu vejo um massacre desta forma e não pode ficar sem uma resposta a altura”, garantiu.
Luta – Paralelamente a marcha, a APP-Sindicato organiza mecanismos para continuar a luta contra o confisco da previdência dos servidores públicos. A Professora Marlei Fernandes, da direção da entidade, afirmou que outras iniciativas estão sendo organizadas. “O Comitê 29 de abril vai pedir anulação da seção autoritária da assembleia. Vamos pedir a nulidade e dar continuidade a todas essas nossas reivindicações”, relatou. “Consideramos importante esse manifesto de que outras entidades estão avaliando a ilegalidade a aprovação desta reforma previdenciária da forma como ela foi aprovada. Há um caminho jurídico, uma luta política que vamos continuar fazendo e também estamos vendo com os deputados todos os movimentos internos para questionar qualquer brecha do movimento”, completou o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão.
Vítimas – Enquanto a marcha seguia pela Avenida Cândido de Abreu, que leva até o Centro Cívico, os trabalhadores observavam no chão desenhos de corpos que simulavam marcas policiais das vítimas da violência. Em cada uma delas uma legenda, como educação e democracia.
Uma das vítimas deste dia era o professor de geografia de Márcio Henrique dos Santos, 34 anos, de Londrina. Ele carregava consigo as marcas no rosto de um tiro de borracha disparado diretamente contra ele. Com o olho direito ainda parcialmente fechado e hematomas ele estava emocionado ao retornar ao local do massacre.
“O meu sentimento é de repúdio. Vivemos em um estado democrático e tendo em vista todas as consequências do fato que aconteceram no dia. Todos nós não podemos não calar, um governo como este não merece o respeito da sociedade”, afirmou.
Santos também revelou que fez todos os procedimentos legais necessários para responsabilizar seus agressores. “No mesmo dia eu fiz um boletim de ocorrência, fiz o exame de corpo de delito e um depoimento no Ministério Público junto ao pessoal do Gaeco. Eu espero que a justiça possa fazer algo por nós, já estávamos apenas exercendo nosso direito que era protestar contra um governo que não respeita o trabalhador”, projetou.