Servidores denunciam problemas no CAPS III

SISMMAR foi acionado em razão de uma série de problemas na estrutura e na segurança do local; tentativa de agressão contra servidor levou à convocação de reunião urgente 

Reunião entre representantes da administração municipal e comissão composta pela direção do sindicato e servidores do CAPS III (14/08/2020) – Foto: Phill Natal/SISMMAR

A direção do SISMMAR se reuniu na tarde de sexta-feira (14) com o chefe de gabinete, Domingos Trevizan, e o secretário municipal de Saúde, Jair Biatto, para discutir a atual situação de servidores lotados no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III. O encontro foi marcado em caráter de urgência após diversas denúncias ao longo da semana que informaram problemas estruturais e de segurança para trabalhadores e pacientes. 

Também com presença de uma comissão de representantes da área da saúde e representantes dos servidores com críticas a atual situação, a reunião teve como ponto central problemas causados após a transferência do setor de emergência da psiquiatria para o CAPS III. Sem estrutura condizente com a recepção de casos urgentes, funcionários do local se sentem inseguros com a nova rotina e com medo de agressões de pacientes sob tratamento em surto. Durante a semana, um enfermeiro quase foi agredido com um extintor de incêndio.

Tentativa de agressão e porta quebrada

Na noite da última terça-feira (11), um paciente do CAPS III, em surto, tentou agredir um servidor com um extintor de incêndio durante o plantão. Sem conseguir atingir o enfermeiro, o homem que tem identidade preservada quebrou uma porta de vidro com o objeto e iniciou uma tentativa de fuga, frustrada por outros profissionais que estavam no local. Em virtude das fortes cenas, o incidente foi o estopim para que diversos trabalhadores do local entrassem em contato com o SISMMAR para que medidas fossem tomadas urgentemente.

Logo na manhã de quarta-feira (12), dirigentes sindicais organizaram uma conversa, no próprio Centro, para ouvir as demandas e entender a situação por completo. Além da questão da segurança, há dezenas de reclamações sobre a alteração na escala de trabalho, aumento significativo do número de atendimentos e desrespeito da direção. Como maior problema, servidores garantem que não há estrutura para o recebimento de urgências e emergências. O CAPS III passou a receber estes tipos de caso desde junho, em virtude da pandemia de covid-19.

Porta quebrada durante a tentativa de agressão ocorrida no CAPS III – Foto: Matheus Gomes/SISMMAR

Reunião urgente

Logo na sequência do encontro, uma reunião em caráter de urgência foi solicitada pela direção do SISMMAR. Em virtude de problemas na agenda, a Prefeitura organizou o encontro no Paço Municipal apenas para sexta, para tratar única e exclusivamente destas ocorrências. Com presença de diversas autoridades da Saúde, todas as demandas informadas pelos servidores ao longo da semana foram apresentadas diretamente e cobradas as devidas soluções. Sobre a permanência da emergência no CAPS III por mais tempo, uma das principais reclamações, Jair Biatto afirmou que “ficará até outubro ou novembro”.

O secretário de Saúde, entretanto, também garantiu que modificações solicitadas serão avaliadas já a partir desta semana através da comissão criada, que irá visitar o CAPS em questão nas próximas horas. A primeira medida a ser trabalhada se dará na comunicação interna, entre unidades e a secretaria, após cobrança dos representantes dos servidores. Outro ponto bastante solicitado se deve a presença de uma unidade da Guarda Municipal no local, a fim de garantir o mínimo de segurança para todos os envolvidos. Sobre este ponto, Trevizan afirmou que a corporação se encontra com efetivo reduzido. Por fim, o problema com a inadequação da lavanderia deve ser solucionado dentro dos próximos dias.

Com todas as principais reivindicações reunidas pelo SISMMAR, a presidente da instituição, Priscila Guedes, e a diretora Bianca Sanches, cobraram a elaboração de um Plano de Ação para a estrutura atual do CAPS III. Desta forma, outros problemas como a falta de tubulação de oxigênio e questões operacionais serão vistoriados pela comissão, juntamente do corpo técnico, para que diversas sugestões sejam ouvidas e o grupo veja o que poderá ser efetivado ou não. 

Em razão da abertura deste canal de comunicação entre servidores, o sindicato e a comissão da Saúde, a expectativa é que os trabalhadores afetados tenham as demandas imediatas atendidas de maneira efetiva. Após reunião nesta segunda-feira, a primeira vistoria conjunta no local deve ocorrer amanhã (18). O SISMMAR, por fim, afirmou que simultaneamente aos trabalhos para solucionar questões estruturais da unidade irá cobrar e discutir sobre a readequação da carreira dos lotados no Centro.

Fuga

Enquanto fechávamos esta matéria, o SISMMAR recebeu a informação de uma nova fuga ocorrida na unidade. Essas situações apenas reforçam a principal reivindicação do servidores do CAPS III: o fim dos atendimentos de casos de urgência e emergência no local.

É importante ressaltar que o atendimento no CAPS III é destinado aos usuários que buscam por ajuda. O tratamento é voluntário e ocorre conforme a aceitação do paciente. Este serviço integra uma rede de atenção em substituição a internação psiquiátrica, tendo como princípio a reinserção.

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