Basta de Feminicídio! SISMMAR repudia assassinato de professora da rede municipal

Miria Atanasio era educadora infantil na Escola Municipal Machado de Assis e foi vítima de feminicídio na noite de ontem (18), dentro de casa pelo próprio marido; Segundo informações repassadas por parentes à Polícia Civil, o autor do crime não aceitava o processo de divórcio; Gestão Sindicato é pra Lutar lamenta profundamente o ocorrido contra a professora e reforça a necessidade de toda a sociedade discutir e compreender o que é a violência de gênero, que tem o feminicídio como último nível 

Professora Miria Atanasio – Reprodução: Redes sociais

É com grande pesar e com muita revolta que a gestão Sindicato é pra Lutar informa o falecimento de Miria Atanasio da Silva, educadora infantil da rede municipal de Maringá. De acordo com informações da Polícia Civil de Maringá, na noite de ontem (18) a professora foi esfaqueada dentro de casa pelo próprio marido, que está foragido desde então. O caso é tratado como feminicídio após o homem identificado como Edvaldo Rodrigues Salomão, de 50 anos, ter se dirigido a residência de um parente para informar que precisava de dinheiro para sair da cidade com a roupa com marcas de sangue. Eles informaram os familiares de Miria de que algo poderia ter ocorrido, fato constatado minutos depois. Estes próprios parentes relataram à Polícia Civil que o casal estava em processo de separação e Edvaldo não aceitava a decisão da esposa. A Polícia Civil do Paraná procura pelo autor do feminicídio e pede a colaboração de toda a comunidade para que denúncias e informações sejam passadas de forma totalmente anônima e segura pelo telefones 197 e 181. O velório da vítima se inicia às 13h na capela do Prever e o sepultamento está marcado para às 18h, no Cemitério Municipal.

Miria tinha 49 anos e era educadora há mais de cinco anos pela rede municipal de educação e trabalhava na Escola Municipal Joaquim Maria Machado de Assis, sendo filiada ao SISMMAR. Ela deixa dois filhos e uma neta. A direção do SISMMAR presta condolência aos familiares e amigos neste momento e se soma aos esforços de toda a população para que o autor deste crime seja encontrado o mais rápido possível.

O Que é a Violência de Gênero e o Feminicídio?

Este caso que gera revolta na categoria, e na população de forma geral, traz novamente à tona o cenário da violência de gênero. É preciso que toda a sociedade discuta constantemente e de forma sistemática como este problema se manifesta.

O gênero se deve a um conjunto de atributos particulares do que é entendido em nossa sociedade como “masculinidade” e “feminilidade”. A partir de extrema desigualdade de gênero, como uma das desigualdades mais evidentes, a violência causada por este fator se expressa de diversas formas, como agressão psicológica, simbólica, sexual e física.

Desta forma, há uma grande quantidade de práticas culturais que colaboram com a reprodução e a perpetuação desta desigualdade de gênero que leva aos cenários de violência. Entre as práticas culturais mais corriqueiras estão as agressões psicológicas e simbólicas, muitas vezes entendidas de maneira errada como simples “piadas” ou “brincadeiras inofensivas”. É preciso a compreensão urgente de que comentários depreciativos que levem em conta o gênero da pessoa também estão na base da desigualdade de gênero, como forma de dar sustentação a desigualdade salarial, desigualdade na execução dos trabalhos domésticos, entre várias outras situações que chegam até o ponto máximo de violência, o feminicídio.

É de extrema importância que o crime cometido contra a professora Miria seja solucionado rapidamente e que o autor desta violência absurda responda especificamente por feminicídio. O feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por condições do gênero. A partir do momento em que Edvaldo Rodrigues discorda da separação e emprega o uso da violência para que a esposa não tome uma decisão própria, para impossibilitar a professora de seguir com a vida livremente e de forma autônoma, Edvaldo enxerga a esposa enquanto propriedade e não companheira. Ao entender que a esposa está sob posse dele, diversas ações violentas são tomadas para afirmar esta posse e este controle, sendo o feminicídio a última instância.

A gestão Sindicato é pra Lutar reforça a necessidade de compreensão geral sobre a gravidade deste problema em nossa sociedade, da necessidade de que todas as entidades e instituições discutam sistematicamente sobre esta questão e da importância de que as diversas expressões de violência causadas por gênero, de comentários à ações, não sejam minimizadas nem relativizadas. O Estado brasileiro dispõe da Central de Atendimento à Mulher que atende gratuitamente pelo número 180, para prestar uma escuta e acolhida qualificadas às mulheres em situação de qualquer violência. Basta de machismo! Basta de feminicídio!

 

Matéria atualizada às 15h35: Polícia Civil confirma a prisão de Edvaldo.

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