Fila e histórias de vida no primeiro dia do pagamento da Trimestralidade
O SISMMAR deu início, às 8h desta segunda-feira (8), em sua sede, ao pagamento da primeira parcela da Trimestralidade, no valor de R$ 7.124.769,00. Ao todo, 3.798 servidores(as) municipais que têm direito na ação, incluindo aposentados (maioria), trabalhadores na ativa e cerca de 800 servidores falecidos (nesses casos, os cheques são entregues a herdeiros).
Uma força-tarefa foi montada pelo SISMMAR para dar conta do movimento esperado para o primeiro dia, expectativa que acabou se confirmando. Mais 300 servidores se apressaram para receber a primeira parcela já no período da manhã. Às 14h, eram mais de 430 senhas entregues.
A recepção ocorreu no estacionamento do sindicato, onde foram distribuídas senhas. Os servidores puderam aguardar sentados, ao abrigo do sol e chuva e com direito a lanche. Superada essa etapa inicial, o pagamento ocorreu no auditório, em ambiente climatizado.
“Em respeito aos aposentados que têm dinheiro para receber, ninguém precisou ficar em pé”, comentou Iraídes Baptistoni, presidenta do SISMMAR.
Mesmo sem motivo para pressa, dificuldades financeiras levaram muitos servidores a buscar o cheque já no primeiro dia. “O pessoal está precisando mesmo do dinheiro”, disse o guarda patrimonial Marcos Antonio Soares, 58 anos, que vai usar o dinheiro da primeira parcela para pagar prestações da casa própria. Soares, que chegou ao sindicato às 6h30, foi o 16º da fila.
O aposentado José Eugênio Mesquisa, 74, disse que houve momentos em que desanimou, achando que nunca receberia o dinheiro, tamanha a espera pelo pagamento da trimestralidade. “Mas o prefeito [Ulisses Maia] honrou a promessa de pagar”, disse, referindo-se ao compromisso firmado por Ulisses que, nas eleições de 2016, assinou a Plataforma dos Servidores – documento elaborado pelo SISMMAR que, entre outras ações, previa o pagamento da Trimestralidade.
Também necessitado dos recursos, José Berto, 78, diz que aplicará o dinheiro em reformas em sua residência. “Vou trocar o telhado da minha casa, porque molha tudo sempre que chove”, comentou o aposentado que, em seus tempos de ativa, foi carpinteiro na Prefeitura.
O aposentado José Rodrigues de Oliveira, 75, lamentou o fato de que muitos companheiros morreram sem ver a cor do dinheiro. Esse foi o caso de Sebastião Vieira de Lima, que morreu em 1997, aos 52 anos, sem poder realizar os planos que fazia para o dia que recebesse o dinheiro da Trimestralidade.
O valor a receber de Lima foi pago a seus quatro filhos. “Ele tinha planos de arrumar a casa e de voltar para Alagoas para tentar reencontrar o irmão dele”, comentou Silvana, filha do aposentado. “Coitado do pai, esperou tanto esse dinheiro. Queríamos que ele tivesse recebido, não a gente”, acrescentou.
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Crítica das gestões municipais anteriores, a aposentada Lourdes Chagras dos Santos, 67, diz que chegou a fazer promessa a Santa Rita de Cássia pela eleição de Ulisses Maia, que havia se comprometido em pagar essa dívida da Prefeitura. “Agora, vou pagar as contas que tenho no banco”, comentou Lourdes, que trabalhou na zeladoria em seus tempos de servidora.
Vice-presidente do SISMMAR, Carlinhos Specian diz que todas essas histórias de vida, muitas delas sofridas, davam a certeza de que haveria longa fila no primeiro dia. “Estou feliz por quem está recebendo. Para muitas dessas pessoas esse dinheirinho fará uma diferença muito grande”, comentou.
Acordo histórico
A ação da trimestralidade levou 27 anos, tendo chegado ao fim, em 2017, após amplo diálogo entre a Gestão Novos Rumos do SISMMAR e o prefeito Ulisses Maia (PDT). O momento, histórico, revelou que o passivo dependia apenas de vontade política para ser resolvido.
A homologação do acordo da Trimestralidade ocorreu na Justiça do Trabalho, em 27 de outubro do ano passado, definiu a forma de pagamento, em parcelas anuais entre 2018 e 2024. A dívida, gerada em 1992, na gestão do ex-prefeito Ricardo Barros, seria enfim quitada.
O último entrave para o pagamento foi superado em setembro deste ano, quando a Câmara Municipal aprovou no orçamento corrente a abertura de crédito adicional para o pagamento da primeira parcela da Trimestralidade. O projeto foi aprovado por unanimidade. Para os anos seguintes, as parcelas já estarão contempladas no orçamento municipal.
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