PEC 06/2019 é um dos piores capítulos da história dos trabalhadores brasileiros
Reforma da Previdência: proposta do governo Bolsonaro quer instituir modelo que ferrou com a classe trabalhadora no Chile
Mais tempo de contribuição, benefício menor, servidores públicos entre os mais prejudicados e entrega da Previdência para a iniciativa privada – um deleite para os banqueiros. É isso que vai ocorrer se a reforma pretendida pelo governo Bolsonaro (na PEC 06/2019) for aprovada no Congresso Nacional.
O alerta é do assessor jurídico do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Paraná (Sindijus PR), Ludimar Rafanhim. É ele quem explica no vídeo abaixo todos os detalhes que tornam a Reforma da Previdência um dos piores capítulos da história dos trabalhadores brasileiros.
Assista ao vídeo para compreender o tamanho do prejuízo!
Em suma, a proposta em questão institui uma nova Previdência, que rompe com o modelo atual de repartição simples e pacto de solidariedade entre gerações, em que aqueles que estão na atividade pagam para garantir pensões e aposentadorias. Após um período de transição, passará a valer um modelo de capitalização, no qual cada trabalhador(a) deverá fazer sua poupança.
Na prática, segundo Rafanhim, a proposta defendida pelo ministro Paulo Guedes joga a seguridade social para o mercado financeiro. Em outras palavras, isso seria um sonho para os banqueiros.
Deu errado no Chile
Guedes quer para os trabalhadores brasileiros algo parecido com o sistema de capitalização implantado no Chile, na década de 1980, durante a ditadura sanguinária do general Augusto Pinochet. Décadas depois, aposentados chilenos enfrentam o drama de viver com menos de um salário mínimo.
Segundo levantamento de Rafanhim, 79% dos aposentados no Chile ganham até um salário mínimo (local). E desses, 44% vivem hoje abaixo da linha da pobreza.
Outros especialistas em Previdência fazem o mesmo alerta sobre o problema gerado no Chile pelo modelo de capitalização. Um deles é o representante do Coletivo Nacional de Advogados de Servidores Públicos (Cnasp), Luiz Fernando Silva, que foi convidado a falar sobre o tema em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal.
Segundo Silva, o Chile registra altos níveis de suicídio de idosos, que recebem benefícios previdenciários insuficientes para a sobrevivência. Ele acrescenta que o modelo de capitalização chileno resultou num cenário em que apenas 2% dos aposentados recebem um salário mínimo integral, somente após 40 anos de contribuição. Mais de 50% vivem apenas com meio salário mínimo.
É contra essa vergonhosa proposta que as centrais sindicais e entidades sindicais estão lutando. Contudo, para que a PEC 06/2019 não passe no Congresso, é necessária a união de toda a classe trabalhadora.
No Chile, em meio a uma ditadura cruel, os chilenos nada puderam fazer. Mas os brasileiros têm o direito de se levantar em defesa de uma aposentadoria digna e contra a perda de direitos.