Opinião: Política de Governos e a importância da organização sindical
Na luta sindical devemos ou não debater política de governos para além do município? Logicamente que sim, afinal a luta sindical, por si só, é uma ação política. Devemos estar atentos aos debates e ações dos governos federal, estadual e municipal, uma vez que as normas que aprovam, na maioria das vezes, contrariam os interesses do funcionalismo público. Por exemplo, as Reformas da Previdência de Lula (PT) em 2003 e de Bolsonaro (sem partido) em 2019 e a Lei Complementar 173, sancionada neste ano pelo presidente, que ataca diretamente os servidores.
No início deste ano, o ministro Paulo Guedes, ao anunciar sua reforma administrativa que pretende retirar a estabilidade de emprego e reduzir a jornada de trabalho e salários, justificou tais medidas afirmando que trabalhadores/as nos serviços públicos são “parasitas”. Durante a abominável reunião ministerial, divulgada pelo judiciário, Guedes afirmou que iria colocar uma granada no bolso do “inimigo”, o servidor público. Então, como não participar ativamente de tais debates se é certo que as questões acontecem em efeito dominó (aprova primeiro em nível nacional, estadual e por fim nos municípios).
Durante as campanhas salariais lutamos pela nossa data base, reajuste, ganho real e outras pautas. Normalmente a argumentação das administrações para não atender é o comprometimento da folha de pagamento com a tal Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Lei aprovada em nível federal, exatamente, para impor limitações aos trabalhadores/as. A revogação da LRF é tarefa de todos os sindicatos de funcionalismo público.
Enfim, não vivemos isolados/as. Nossas lutas por novas conquista e defesa de nossos direitos, além do enfrentamento com o governo municipal, extrapolam suas fronteiras. Daí a importância de estarmos debatendo, também, as políticas dos governos estadual e federal, juntamente com outros sindicatos e uma central sindical, em nosso caso a CSP-Conlutas.
publicado originalmente em Jornal do SISMMAR nº57