Saúde: “Quem cuida da saúde dos que cuidam da saúde?”
Em aproximadamente cinco meses desde a primeira morte pelo novo coronavírus no Brasil, a doença que atingiu em cheio todo o planeta impõe mudanças radicais na rotina da população em geral. Ainda assim, não há categoria que tenha sofrido maior impacto do que profissionais da saúde, a área que atua frontalmente contra a já considerada maior pandemia do século. Tanto em nível nacional quanto na esfera municipal é justamente este o grupo que mais sofre com a força do vírus, agravado pelo descaso do poder público em proteger esses trabalhadores de maneira adequada.
Em Maringá, seguindo os números nacionais, não há parcela da sociedade que tenha mais se contaminado do que os profissionais que atuam diariamente em unidades e hospitais. Infelizmente, como ocorreu com o clínico geral Jorge Karigyo e o técnico de enfermagem Luiz Carlos de Azevedo, ambos vítimas da covid na cidade. Pelo alto grau de vulnerabilidade, a atuação do sindicato em defesa de protocolos e planos de ação pela Prefeitura, além da cobrança junto à Justiça, se mostrou como fundamental na tentativa de reduzir os riscos e garantir a integridade física desta categoria. Se eles cuidam de nossa saúde, questionamos: “quem cuida da saúde dos servidores da saúde?”
A partir da aceleração no número de contágios, a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), em quantidade e especificidade adequadas, chamou a atenção do SISMMAR. Uma denúncia foi formalizada ao Ministério Público do Trabalho (MPT), com grande repercussão midiática, para que os profissionais tivessem condições seguras para exercer o trabalho na linha de frente. Ao mesmo tempo, a direção sindical passou a acompanhar semanalmente as unidades de saúde de Maringá a fim de verificar a situação dos servidores, conversar e ouvir as principais demandas, além de cobrar informações das diretorias sobre protocolos de higienização, testagem em massa e o afastamento imediato de possíveis casos positivos.
Defesa de Direitos
Simultaneamente à luta pela saúde e a vida dos servidores, é realizado, desde o início da pandemia, o embate para a manutenção e o respeito de direitos consolidados pela gestão municipal. Ainda em março, centenas de servidores foram lotados em novas UPA’s, por medida desenvolvida pela Prefeitura, com o objetivo de aumentar a atuação contra o vírus.
Em razão das especificidades, como ser locais de urgência e emergência, além de insalubridade em grau máximo, acréscimos nos salários deveriam ter sido realizados. Entretanto, por problemas de gestão o município não havia feito os repasses. Devido a uma intervenção do SISMMAR, a irregularidade foi corrigida, os direitos retroativos pagos e as relotações para os locais de origem de cada trabalhador consolidadas.
Após diversas ações, lado a lado com os servidores, entre enfermeiros e médicos, ficou evidente que apenas uma atuação de maneira unificada e enérgica na cobrança de medidas eficazes pode auxiliar na preservação da saúde da categoria mais exposta. É sobretudo em um grave momento de crise sanitária como a atual, ampliada pelas crises política e econômica, que organizações de classe, como um sindicato, mostram de forma ainda mais evidente a necessidade da luta em defesa da classe trabalhadora frente aos descasos e aos ataques.
publicado originalmente em Jornal do SISMMAR nº 57